Os Corticeiros de Vila Alva!


Os Corticeiros em 1984 aquando a sua passagem pela Casa do Alentejo, em Lisboa
Os Corticeiros nas escadas da Igreja Matriz, em Vila Alva, em 1991 ou 1992
Infelizmente extinguiu-se em 2002, deixando uma lacuna na cultura da nossa terra. Houve várias tentativas para se voltar a reunir o grupo mas sem resultados práticos.

Os Corticeiros percorreram o país de lés a lés, desde o Minho até ao Algarve. Foi também uma das actuações num dos últimos dias da EXPO 98, em Lisboa. Dessas andanças ficou um armário cheio de medalhas, lembranças, galhardetes, diplomas, tal como se pode ver na fotografia. Isto tudo está em exposição na sede do Clube, em Vila Alva.
Apesar de se ter extinguido é possível ouvir as belas modas (é assim que chamamos às canções...) em cassete, que foi gravada em 1994. Até há uma história gira que ficou desse tempo: houve os boatos na aldeia de que as gravações tavam a correr muito mal, nada tava a sair bem, até que após uma pausa para beber da pinga sagrada (aguardente) as coisas sairam logo todas bem de seguida. Até gravavam duas cassetes se fosse preciso, tal foi o efeito da pinga sagrada...
Além da cassete, quem vier a Vila Alva ainda é capaz de ouvir algumas das modas por essas adegas, em alturas de vinho novo, ou então na altura da nossa Feirinha Gastronómica;) Afinal, foi mesmo em sítios como estes que nasceu o cante alentejano!
O traje do grupo coral inicialmente era composto por calças e colete de cor castanha clara e camisa branca, sendo depois calças e colete cinzento e camisa aos quadrados azuis e brancos. Do traje fazem ainda parte o lenço (no inicio amarelo e roxo e depois vermelho), que é utilizado ao pescoço, o chapéu tipicamente alentejano, uma miniatura de um coxo (objecto em cortiça, utilizado para beber água ... ou vinho durante o trabalho), miniatura da machada (utilizada para a tiragem da cortiça) e uma chapa identificativa do grupo coral.
Os Corticeiros cantavam assim... Se bem que à última da hora se podiam alterar a ordem dos versos e até trocar os versos de uma moda pelos de outra:)
Vila Alva é nossa terra
Algum dia eu cantando
Corri o céu e vim à terra
Agora fico chorando
Já eu não serei quem era
Vilalva é nossa terra
Como ela não há igual
Tem boas terras de pão
Tem vinha e olival
A riqueza da nação
Como ela não há igual
Vilalva terra de pão
Jardim Florido
Fui beber àgua à fonte
Achei um raminho verde
Quem o perdeu tinha amores
Quem o achou tinha sede
Fui a um jardim florido
Pra ver passar os amores
Dei um ai, tremeu o chão
Caíram todas as flores
Caíram todas as flores
Fiquei assim pensativo
Pra ver passar os amores
Fui a um jardim florido
Circulo que leva à lua
As pedras da tua rua
Deviam ser arrancadas
As pedras da tua rua
Tirana
Deviam ser arrancadas
Pra não serem testemunhas
Tirana
Das minhas tristes passadas
Eu hei-de me ir assentar
No círculo que leva à lua
Pra ver as voltas todas
Tirana
Que o meu amor dá na rua
Que o meu amor dá na rua
As voltas que ele há-de dar
No círculo que leva à lua
Tirana
Eu hei-de me ir assentar
Resta-nos a esperança de que um dia se junte pessoal suficiente e com vontade e voz para fazer renascer os nossos Corticeiros!